Escrevo no vôo Ushuaia-Buenos Aires.
Os dias em Ushuaia passaram rápido demais. Amanhecia cedo e anoitecia por volta das 9:30 da noite. Só paramos no hotel para dormir.
Fred escolheu o Vila Brescia por ser central e ter internet, mas a internet não funcionou direito. Quase não consegui ler os e-mails nas 3 vezes que liguei o computador.
Ah, Ushuaia, quero voltar. Pequena, acolhedora, agradável. Fomos a 3 passeios: o teleférico no Glaciar Martial, o passeio de catamarã às Pinguineras (ilhas dos pingüins) e os Museus do Presídio e do Fim do Mundo. Fora isso, andamos, tiramos fotos, passeamos pelo porto e comemos centolla.
Comi uma carzuela de centolla, pulpo e camarones com arroz que foi de comer rezando. Suspirei a refeição toda. Saborosa, temperada na medida para dar gosto sem esconder o sabor suave e quase doce da centolla, que é um caranguejão (o king crab americano).
Faltou conhecer o Parque Nacional, a cidade de El Calafate, o Lago Escondido. Mas não fez falta, porque aproveitamos conforme nossa vontade e sempre chegamos cansados ao hotel.
O real variava entre 2 2 2,80 pesos, de acordo com a loja. Vale a pena pesquisar a melhor. E para comprar as comidinhas da terra, compotas, doces de leite e conservas, o melhor é ir no supermercado, que tem o fantástico nome de La Anónima. A famosa La Anónima :D
Meu espanhol made in Menudo deu pro gasto, o portunhol do Fred é risível, mas nos comunicamos bem, até.
Ainda sinto, às vezes, o balanço do barco. El buque, como se diz em espanhol. Nossa tendência antissocial ficou muito clara no cruzeiro - não descemos nenhuma vez (mais por insegurança nossa, admito. a gente olhou os botes infláveis e pensou "eu, hein, rosa". Também só subimos ao salão Yámana uma vez só, na noite da despedida. Enquanto o povo confraternizava, a gente saiu pro deque superior para tirar fotos e ver a baía de Ushuaia com a cidade iluminada - e espalhada - ao fundo.
Vimos zilhões de krill, atraídos pela luz do navio. Camarõezinhos do tamanho de um dedinho, vermelhos - comida de baleia e golfinho. Tiramos fotos e até que uma delas prestou.
Na viagem à pinguinera, foram 3 horas para ir e 3 para voltar. Cometemos a insanidade de ficar no deque superior do catamarã durante duas horas. Fazia um dia lindo de sol e mar tranqüilo, um cenário de cinema, mas o vento era de congelar a alma do capeta. Como o catamarã parava de quando em quando para vermos leões marinhos, lobos-marinhos, aves e faróis, decidimos esperar para descer para o deque interno na próxima parada e ficamos batendo dente porque não estávamos agasalhados suficientemente para a viagem. Ficamos virados pro sol, como dois girassóis, aproveitando o quentinho enquanto nossas costas criavam estalactites.
Quando não deu mais e o Fred não suportou mais a dor das mãos sem luvas (eu usei as minhas, ele deixou as dele no hotel) a gente encarou o medo de descer sem colete salva vidas pela escada lateral do catamarã, ou seja: tropeçou, tchibum!!
Desci rezando cada degrau, até que, lá dentro, aquecidos, nos demos conta da imensa imprudência cometida. Eu bebi o pior chocolate quente da minha vida, com gosto de água suja. Mas estava quente, estava bom. Paramos em uma ilhota - a ilha Pinguinera - para ver os pinguins, que, acostumadíssimos, não deram a menor bola pros turistas. Tiramos fotos, filmei, dei gritinhos de alegria. E estes, ao contrário dos pingüins do zôo de Tóquio, não fediam.
Chegamos 9:20 da tarde, um céu de 6:30, 6:45 no Brasil. Compramos sanduíches, coca cola, cerveja e água, tomamos banho, comemos e dormimos até as 10 da manhã de ontem. O quarto era no primeiro andar, mas como o hotel é numa ladeira, passava gente na rua, na nossa janela.
Muito estranho!